Chapelle de Saint Jean du Désert. Sair para fazer uma caminhada em montanha é uma incógnita como o despertar de cada dia. Tem vezes que entro na trilha com a maior disposição, mas vou perdendo minha energia passo a passo, parecendo que meu corpo pesa uma tonelada .
Porém, em outros dias, saio quase empurrada e o percurso parece se transformar em uma enorme placa solar fotovoltaica, onde a cada passada me sinto recarregada.
Chapelle de Saint Jean du Désert
Foi assim na caminhada à chapelle de Saint Jean du Désert. Para ser sincera, eu comecei o trajeto com expectativa zero.
O início do percurso, eu já conhecia e não me inspirava grande coisa.
Localizado a esquerda, um pouco antes da ponte Saint Joseph na estrada N202 , sentido Annot / Vergons,
esse já começa em uma pista ingrime de cascalho e completamente exposta ao sol.
Mas eu estava disposta a confirmar minha primeira impressão, ou não, e não pensei duas vezes em dar largada.
Logo que terminamos essa subida, a bela paisagem das montanhas se apresentou e percebemos que havia uma bifurcação à direita que conduzia às margens do leito Saint Jean.
Resolvemos fazer o desvio e refrescar um pouco do calor que já prometia esquentar os miolos.
De volta ao trajeto, outra bifurcação, com uma sinalização que apontava a direção da chapelle de Saint Jean du Désert e as ruínas de um antigo povoado chamado Ourges.
Do alto, além da bela vista das montanhas, era possível avistar o vilarejo Jaussiers.
Chapelle de Notre Dame d’Assompition
Quando chegamos nas ruínas, descobrimos o que foi um dia a chapelle de Notre Dame d’Assomption e, encoberto pela vegetação, o seu cemitério.
Seguimos em frente pela trilha.
Impossível não deixar a mente viajar em marcha-ré e imaginar a vida dos habitantes naquele local.
Leito do riacho Saint Jean
Depois de atravessar mais algumas ruínas de casas, começamos a descer e uma outra grata surpresa, principalmente em um dia como aquele que o sol forte resolveu nos acompanhar.
Estávamos novamente diante do leito do Saint Jean.
Mas sem ter ideia do que ainda nos esperava até a capela, resolvemos deixar a parada obrigatória para o retorno.
A partir desse local, a subida passou a ser íngreme, porém protegida do sol dentro de uma pequena mata.
O trecho não bem sinalizado nas bifurcações, parecia nos testar.
Como de praxe, errei algumas vezes.
Finalmente no ponto de destino
Enfim diante da capela.
Um local para acalmar as pernas, depois do esforço da subida, e refrescar a mente.
Infelizmente, não foi possível visitar o interior da capela que estava fechada,
mas já valeu a pena a caminhada só de poder estar naquele local, em um platô no alto da montanha,
uma paisagem perfeita para meditação.
A capela tem ainda uma extensão com quartos e um local para refeição que acolhe pelegrinos.
Pelo menos desde o século 16, todos os anos no dia 24 de junho, a irmandade Saint Jeanistes, organiza uma procissão.
No retorno, conforme o prometido, uma parada estratégica, que eu diria providencial, para mergulhar os sofridos pés nas águas do Saint Jean.
O efeito parece milagroso de tão imediato e me fez sentir 100% renovada.
Riacho Saint Jean
A vontade era deixar o tempo passar e não sair daquele lugar, mas sabíamos que ainda tínhamos um longo trajeto a percorrer.
À contragosto, partimos com a promessa de retornar ainda no verão para aproveitar essa combinação perfeita de montanha, riacho e floresta.
Um remédio perfeito para o bem estar que os Alpes de Haute Provence coloca à disposição de todos que tenham um preparo físico mediano e queiram fugir do agito urbano para ter um momento de solitude na mãe natureza.
Mais uma caminhada que me fez ter a certeza que um início desinteressante pode mudar e apresentar uma jornada estimulante e enriquecedora.
Vale a pena ver para crer.
Finslmente uma menos dificil. Ufa
Sim. Uma trilha na medida certa para o verão.