Fotos: Alain Lesimple
A trilha até Source du Coulomp é uma opção de caminhada para o verão europeu. Uma trilha no meio da floresta entre montanhas e o leito de um dos afluentes do Rio Var que atravessa um dos mais belos cenários nos Alpes de Haute Provence.
O preço para poder apreciar esse paraíso terrestre é estar com o equipamento adequado, gostar de ir além do que imagina conseguir e nunca menosprezar os trajetos em montanhas, mesmo aqueles que inicialmente se apresentam de fácil acesso.
Descoberta do Coulomp
Depois de realizar a trilha Portes de la Châtaignerie em Braux, na qual descobrimos o Coulomp, nosso desejo foi desbravar seu leito até a sua nascente. Nesse sentido, como já conhecíamos parte do trajeto, de cerca de 5.5 Km, que alterna caminhadas na floresta e na pista, decidimos ir de carro até a ponte de Tardoun sobre o Coulomp.
E foi após atravessar essa ponte que colocamos o pé na trilha no sentido Argenton e Aurent, em uma subida constante, mas moderada que permite admirar a beleza dessa floresta.
Sinalização da trilha até Source du Coulomp
Após atravessar um tipo porteira, a trilha continua sobre uma rocha, mas a sinalização existente não indica a direção de Aurent. Sendo assim, e consultando o mapa da região, optamos por atravessar para outra margem do Coulomp, onde um lindo vale coberto por um tapete de flores dava um toque especial ao local. A vontade era deitar na relva e deixar o tempo correr.
Apesar disso, seguimos de volta à trilha. E, como em todo percurso de montanha, certamente de uma hora para outra tudo pode mudar. De repente, o piso , até então de terra batida e fácil para caminhar, passa a ser de cascalho em terra seca que obriga a dobrar o cuidado para não escorregar. Dessa forma, a trilha pouco a pouco se estreita, em curvas sinuosas, em pleno trecho aeriano, ou seja, de um lado o paredão irregular da montanha e do outro, o vazio.
Sem dúvida é uma vista espetacular. Por outro lado, admirar o Coulomp, que segue seu curso espremido entre montanhas, significa também constatar que está lado a lado do precipício.
Para quem tem vertigens, melhor nem tentar. Eu prefiro não abusar da coragem.
Portanto, pé ante pé avanço, sem direito a tropeços.
trecho de aventura na trilha até source du Coulomp
Contudo, para apimentar a aventura, a trilha começa a descer.
Era o que eu imaginava e temia.
Nesse momento passo a carregar na bagagem o peso do arrependimento de calçar o tênis confortável, porém com a sola gasta. Seguramente, falta grave para quem já achava ter passado do posto de principiante em montanhas.
Muito cuidado nesse trecho da trilha até Source du Coulomp
Com efeito, tento pisar com a leveza de uma garça, na esperança de não interferir na estabilidade dos pedregulhos.
Ao mesmo tempo, cada falso alarme de escorregão, o coração ameaça saltar pela boca e o pensamento trágico passa em flashes.
Enquanto vivo esse turbilhão de emoções, meu companheiro de aventura francês, que não tenho duvidas portar um DNA de cabra de montanha, segue leve e solto e a todo momento grita: “regarde! De longe escuto o clique da sua câmera disparar, mas não ouso olhar.
Deixo para apreciar toda esse beleza mais tarde registrada em fotos.
Não sei precisar quantos quilômetros tem esse trecho difícil porque a distância sempre aumenta proporcional ao medo e cada minuto parece ser infinito.
Seguramente, cada parte delicada, na qual a estreita trilha esta situada, deve ter um ângulo em torno de 60° graus. Isso, sem exagero.
Seja como for, sem o par de tênis adequado, a solução, para maior segurança, foi fazer uso da corda. Confesso que a contragosto. Dessa forma, sintonizar o ritmo das passadas é tarefa difícil.
Na frente vai quem tem mais experiência com escaladas
Ele vai na frente. Eu prefiro.
Atrás, vou me fazendo três em um, acumulando a função de controlar onde colocar os pés e os dois batons no estreito caminho, assim como dirigir a corda para não se enroscar em pedras e vegetação.
Ainda mais que nas curvas, tudo fica mais complexo. A corda, quando esticada, tem tendência a cortar caminho pelo vácuo. Tenho sempre que assumir a direção. Em trechos como esse, constato como a fatiga mental é mais extenuante do que a física.
Enfim ao alcançar novamente as margens do Coulomp, uma pequena ponte compõe uma bela paisagem bucólica aos pés de Aurent.
Hora de parar, relaxar o corpo e a mente e se alimentar.
Próximo à nascente do Coulomp
Do outro lado da ponte a continuação da trilha nos aguardava junto com um painel explicando sobre os equipamentos necessários para alcançar a nascente do Coulomp .
Era para ser o fim de linha, apesar disso, ao estilo São Tomé, ver para crer, seguimos em frente, atravessando alguns trechos pela água, sem dificuldade.
Mas não demorou muito para entendermos a recomendação escrita no painel.
Alguns metros à frente, estávamos diante de um trecho de subida com uma inclinação impossível de transpor, pelo menos para mim com meu tênis de sola gasta.
Mas ele continuou e eu segui seu rastro, literalmente escalando a quatro patas. Bastou uns 200 metros para admitir que não sou alpinista. Levantei minha bandeira vermelha.
Meu estoque para grandes emoções havia acabado e não conseguia tirar da cabeça o retorno pelo mesmo local.
Meu companheiro, não sei se com combustível para prosseguir, deu meia volta e desceu rápido como um foguete.
Eu desci por etapas. Ora sentada como em um tobogã. Ora me agarrando nas arvores quando dava e freando com os pés para não derrapar nas curvas. Uma cena que fiquei aliviada de não ter testemunhas.
Subida até Aurent
Antes de retornar, subimos até Aurent, um pequeno e charmoso aglomerado de casas que fez relaxar a mente e recuperar o folego.
O retorno temido pelo mesmo trajeto foi menos estressante do que eu previa.
De volta ao carro, mente cansada, mas certamente mais fortalecida de ter vencido meus medos, superado os obstáculos e, claro, muito feliz de ter tido a oportunidade de ter conhecido mais essa fantástica trilha francesa, a Source du Coulomp.
Você pode não se alpinista, mas coragem não lhe falta Virginia! Valeu pela bela experiência de conhecer esse lugar fantástico.
Saudades Helena Azeredo
Não diria coragem, mas vontade de descobrir novos lugares e viver intensamente todas as oportunidades e desafios da vida.
Saudade
Compra um tênis novo , mulher!!!!
Sim. Nas caminhadas em montanhas, o calçado certo é fundamental. Acertar nesse calçado ideal para os seus pés é uma tarefa difícil.
Que paraiso
Só vendo para crer. Fica a sugestão.
Meodeos cd vez mais coragem e menos juizo…
Eu diria que a proximidade da descida da montanha da vida é um estímulo para viver o máximo de experiências possíveis.
Incrível essa paisagem!
Muito mais incrível do que podemos ver nas fotos que não são capazes de reproduzir a atmosfera do local. Você tem que conhecer!