Depois de passar três dias dividindo um 4×4 com o guia e mais dois casais percorrendo o fantástico deserto de sal Salar de Uyuni, finalmente desembarcamos em La Paz. O trajeto entre Uyuni e a capital boliviana de ônibus foi feito em cerca de 8 horas.
Logo após a chegada, partimos para deixar as mochilas no hotel e fazer o primeiro circuito de descoberta. Inegavelmente, essa curiosa cidade possui um design totalmente diferente uma vez que fica literalmente encravada entre montanhas . Por causa disso é cercada de teleféricos por todos os lados como uma das opções de transporte público . Dessa forma é possível circular entre as partes altas e a baixas e ao mesmo tempo fugir do quase sempre caótico trânsito, com milhares de vans e engarrafamentos sem hora marcada, ainda mais dependendo da manifestação do dia.
Manifestação de rua em La Paz
Os eventos me fizeram lembrar o meu tempo de repórter de tal forma que em mais de uma dessas manifestações não me contive em buscar a informação na fonte ou mesmo retardar nosso itinerário para fazer um registro.
Demos sorte em escolher um hotel com bom custo beneficio e bem localizado, próximo da rodoviária e dos principais atrativos da cidade, como mercado das Bruxas, praça Murillo, El Prado ( avenida 16 de julho), Igreja de São Francisco e da estação vermelha do teleférico.
Contudo, é sempre bom se informar. Além da linha vermelha, as mais recomendadas para turistas são as amarela e a verde. Da mesma forma que em todas as grandes cidades, em La Paz também é necessário estar com o alerta ligado para pequenos furtos. Por causa disso, eu ficava ligada duplamente porque o meu companheiro francês tinha preocupação zero. Sempre colocava sua câmera fotográfica pendurada no pescoço e circulava como se fosse invisível. Por outro lado, eu me sentia uma verdadeira segurança disfarçada . Definitivamente, não precisávamos nem dizer que éramos estrangeiros. Estava visível .
Apreciar a cidade com cuidado
Toda vez que ele ia fazer uma foto, eu me colocava em posição estratégica e constantemente fazia uma panorâmica com o olhar de 360⁰ graus na horizontal.
Descansar era a palavra de ordem, depois de um dia em estado de vigilância, porque além da função tradutora, trilíngue, pois pensava em português, ainda precisava buscar o espanhol enferrujado no fundo da memória para dialogar com os habitantes e depois traduzir para o francês o que ele não compreendia. Finalmente o repouso ajudaria a preparar a mente, assim como o corpo, em especial, pulmão e pernas, porque são vitais para a realização do trekking na Cordilheira Real.
Acima de tudo, esses foram alguns motivos pelos quais optamos em permanecer em La Paz, que fica a 3.640 mil metros de altitude, por duas noites e três dias. Nesse meio tempo, deixamos o corpo se acostumar, a mente relaxar e os pés nos levar onde a curiosidade alcançasse, simultaneamente, fazíamos uma maratona entre agências de turismo.
No nosso trajeto urbano, sob sol ou chuva, além de visitas aos monumentos, museus e pontos turísticos, descobrimos uma cidade com um colorido especial e respirando cidadania.
Cholas, uma atração a parte
As cholas com seus trajes tradicionais por todos os cantos pareciam personagens de uma imensa tela viva. Faça calor ou frio, essas mulheres mestiças, maioria Aimará ou Quechua, estão vestidas com suas polleras ( saias rodadas) e chaquetillas (blusas), um chapéu-coco, imensas tranças, e seus awaios de mil e uma utilidades. Nessa espécie de manta, quase sempre feita de lã de alpacas e em cores vibrantes, transportam de crianças até objetos pessoais substituindo malas ou sacolas. Esse componente exótico do traje dessas mulheres, muitas vezes com aparência de pesado, nos deixava intrigados para saber o que transportavam.
Mas o colorido de La Paz não se restringe apenas as vestimentas das cholas. Também estende-se às ruas do centro histórico e às fachadas das casas em alternância com outras sem acabamento, de cor barro, com tijolos expostos.
Mercado das Bruxas
Na capital boliviana, outra curiosidade é a crendice exposta em lojas de produtos esotéricos. Por exemplo, múmias de fetos de lhamas de diversos tamanhos ficam penduradas nas portas. O valor é proporcional ao tamanho do feto e da sorte que desejar. Segundo as feiticeiras, o ritual de enterrar um desses fetos no terreno de uma nova casa traz felicidade e prosperidade. Contudo, a imagem me deixou chocada , apesar delas garantirem que são natimortos.
Nessas pequenas lojas têm produtos para tudo, desde dor física à da alma.
La Paz é mesmo uma cidade diversificada e acolhedora que vale a pena dedicar alguns dias para descobri-la.
Depois de algumas visitas às agências e muitas descobertas na capital boliviana, fechamos o trekking. Nosso próximo destino na Cordilheira Real seria explorar o maciço de Condoriri. Por fim, arrumamos as mochilas, deixamos algumas coisas guardadas no hotel. Previamente, fizemos reserva para mais uma diária ao retorno.
Ao final de uma noite mal dormida, com receio de perder a hora, logo cedo já estávamos na recepção aguardando o carro e guia . Por fim, Condoriri na Cordilheira Real seria o meu primeiro trekking de três dias.
Partimos…
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