Depois de passar em torno de 10 horas de viagem em um ônibus , chegamos na cidade Uyuni ainda no seu despertar.
A pequena cidade seria nosso ponto de partida para o Salar de Uyuni, terceira etapa de aclimatização, visando o trekking na Cordilheira Real.
Ultrapassando a barreira dos 3 mil metros de altitude
Agora, eu havia ultrapassado a experiência dos 3.000 metros de altitude realizada na França. Ao pisar na pequena cidade de Uyuni, no departamento de Potosi, estávamos à 3.650 metros de altitude.
A minha memória de corredora olhou pelo retrovisor e lembrou da barreira dos 30km em uma maratona, que é o ponto de partida para uma outra etapa da prova de 42.195 metros.
Por causa da altitude, desci do ônibus sentindo uma dor de cabeça inconveniente, mas suportável, para quem está acostumada a conviver com a sinusite. De início, pensei ser mal jeito ao dormir ou mesmo fome.
Contudo, em se tratando de altitude, cada desnível positivo deve ser considerado. O mal chega sem avisar.
Fomos caminhando da rodoviária ao hotel para esticar as pernas, acabar de acordar e fazer um primeiro reconhecimento da cidade.
Afinal, não queríamos perder tempo. Tínhamos aquele dia para decidir com qual agência iríamos fazer o nosso tour.
A cidade de Uyuni
Uyuni , devido à sua localização estratégica de ligação com o Chile, foi fundada em 1890 para ser um ponto de negócios e até hoje mantém a tradição de mercado de rua.
O turismo é uma atividade importante para os moradores da cidade.
Dessa forma, nesse pequeno trajeto entre a rodoviária e o hotel pudemos perceber que entre três lojas, duas eram de agências de turismo ou venda de artesanatos.
Escolhendo uma agência para o tour
Deixamos as mochilas no hotel, embora antes do horário do check in, logo saímos em busca de um local aberto que pudéssemos tomar um café e tivesse acesso à internet para mandar notícias e pesquisar sobre o Salar de Uyuni.
Isso mesmo, pesquisamos muito antes de viajar, mas não fechamos nada. Nesse sentido, nós deixamos para escolher o que fazer no último minuto do segundo tempo.
Em outras palavras, acho que faz parte do pacote gostar de se aventurar. Talvez aquele vício da adrenalina.
Isso tem desvantagens, embora nem sempre.
Anteriormente, escutei alguns relatos de turistas que pagaram mais caro pelo mesmo passeio contratando o tour pela internet ou em agências nas grandes cidades.
É ver para crer
Sob o mesmo ponto de vista, se você é do grupo que não se imagina partindo no escuro é melhor não se arriscar, pesquisar e buscar referências antes de fechar um pacote à distância.
Depois do café, continuamos nossa missão de escolher com qual das inúmeras agências iríamos partir.
Diante de tantas opções, decidimos buscar informações na Secretaria de Turismo na cidade, para ter ideia dos percursos oferecidos e média de preços.
Depois de apurado, partimos para visitar algumas dessas agências. Ainda assim, os preços pareciam combinados.
O importante era prestar atenção no pequeno diferencial que cada uma das agências oferecia.
Fechamos um pacote
Mas como eu continuava com aquela dorzinha de cabeça, parecendo um carrapato que não queria dizer “aurevoir” e ainda tinha que traduzir para o francês o que o meu companheiro não compreendia da conversa, decidimos fechar o tour com a terceira agência que visitamos.
Em síntese, os critérios para a escolha foram simples: facilidade de estar localizada em frente ao hotel e oferecer um preço um pouco menor do que o das outras duas.
Pelo pacote de três dias pagamos 1.339 bolivianos para duas pessoas, incluindo as refeições, hospedagem, guia e transporte.
Além disso, as taxas de locais a visitar, bem como de utilização de banheiros pelo trajeto, os petiscos ( biscoitos frutas, etc.) e a água que iríamos consumir durante os três dias foram por nossa conta.
A recomendação era que levássemos 2 litros por dia por pessoa. Manter o corpo hidratado é muito importante para combater o mal de altitude.
Câmbio
Próxima etapa foi trocar euros e dólares por bolivianos para despesas ao longo do trajeto.
Nessa tarefa perdemos parte de nossa curta estada para conseguir realizá-la.
O melhor é ser prevenido e já desembarcar em Uyuni com a quantidade de dinheiro suficiente pois não aceitam pagamento no cartão durante o trajeto.
Finalmente, com o câmbio feito já era quase final do dia quando pudemos relaxar e dar uma volta para conhecer a cidade.
Soroche
No retorno ao hotel, uma boa ducha e cama, na esperança de que a dor de cabeça desaparecesse, o que não aconteceu. Na verdade, foi uma das piores noites que passei nos últimos tempos.
Era o soroche, nome como o mal de altitude é conhecido, vindo me visitar.
Eu mal acreditei. Já havia me testado em altitude nas montanhas francesas. Achei que tinha passado no teste.
Afinal, esse mal é traiçoeiro. Não existe critério para escolher suas vítimas, a não ser o fato de estarem habituadas ao nível do mar, como é o meu caso, que vinha do Rio de Janeiro.
Comecei a ficar enjoada de tanta dor.
Meu companheiro com experiência em montanhas, logo percebeu que era o soroche e começou a administrar o tratamento .
De tal forma que tomei um doliprane ( paracetamol ) 500 mg e uma hora após, nenhum efeito. Ao contrário, parecia piorar a cada minuto. A minha vontade era arrancar a cabeça.
Cheguei a pensar que não teria condições de participar do tour. Tomei mais um paracetamol, dessa vez de 1000mg e foi assim que consegui dormir o que restou da madrugada.
Como resultado, acordei meio zumbi, mas com a cabeça mais leve. Nesse sentido, qualquer coisa que me indicassem , eu certamente iria experimentar.
Chá de coca pela manhã
Foi assim que provei o chá de coca no café da manhã, recomendado para aliviar o mal de altitude.
Antes de seguirmos para o ponto de encontro do tour, marcado para 10 horas, passamos na farmácia para comprar um diurético.
A vendedora já acostumada com o cliente turista foi logo me entregando uma cartela de três comprimidos de furocemida 40 mg , medicamento que utilizam para o soroche.
Inicialmente, fiz uma pequena resistência, entretanto, logo fui rendida pela lembrança do que havia sido o pesadelo daquela noite e tomei um comprimido preventivamente antes de partir ao Salar de Uyuni.
Continue nos acompanhando em direção ao imenso deserto de sal boliviano
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Nossa para vc tomar remédio devia estar doendo mesmo!!! Mas a beleza do lugar compensa…
Verdade. Mas não se deve menosprezar esse mal que pode ser passageiro até o organismo acostumar, mas também pode ser grave. O melhor é seguir as orientações para poder curtir a viagem.
E segue minha prima aventureira! Admiracao!!!
Obrigada! Venha experimentar. Descobrir novos lugares é o melhor remédio.