Plan du Rieu , um trekking a partir de Peyresq



 

Fotos: Virginia Prado/ Alan Lesimple

Foi nos Alpes de Alta Provença que iniciei minha temporada francesa de “randonée” (longas caminhadas nas montanhas) 2023.


O ponto de partida foi Peyresq, um vilarejo encravado na montanha à 1.536 m de altitude, onde o silêncio parece ter escolhido como moradia e a vida feito suas malas e dito “au revoir”


Assim que pisei neste pequeno vilarejo “fantasma”, onde respira-se arte e esculturas naturais e esculpidas pelos homens se integram em harmonia, algo me dizia que muitas surpresas me aguardavam.


Eu só não imaginava que viveria mais uma das minhas maiores aventuras, testaria meus limites e descobriria tão bela paisagem, partindo daquele lugar tão tranquilo e ainda em momento de “esquentar o “motor”.


Mas talvez seja essa imprevisibilidade da montanha o seu maior poder de atração, que faz questionar ao mesmo tempo o porquê de estar ali e o sentido da nossa existência.

Um local mágico e antagônico, que provoca momentos de euforia e temor, capaz de fazer sentir próxima da vida e da morte.

Um lugar único que fascina e faz perceber que a solidão é a melhor companhia e descobrir que a força interior é capaz de surpreender.

A caminhada na montanha é como um “parque de diversões” que faz embarcar em uma montanha russa de emoções.

Mas antes de passar por esse divã montanhoso, tive uma preliminar, que na minha ingenuidade de estreante, diria de adaptação ou reconhecimento de terreno.

No primeiro dia, eu e meu companheiro guia começamos a caminhada um pouco tarde para a estação . Na verdade, nossa intenção era apenas checar as possibilidades de percursos no entorno de Peyresq.


Optamos por seguir a sinalização em direção ao Plan du Rieu, um trajeto de cerca de 10km, ida e volta, considerado de dificuldade moderada, que nos permitiu atravessar uma pequena floresta de pinheiros, onde em alguns trechos haviam resquícios de neve para lembrarmos que apesar do lindo dia, estávamos no inverno, quando o sol resolve se despedir cedo e deixar a escuridão da noite invadir o dia.


À medida que avançávamos no percurso, a vegetação tornava-se mais rara, coberta pela neve que coloria o solo de um branco infinito, onde era possível identificar pegadas de animais e deixar nosso traços ao longo do caminho.


Por vezes, uma flor se distinguia a mostrar que resistia e insistia a permanecer na paisagem em acelerada transformação, parecendo querer me dizer que a aparência frágil pode enganar.

Após alcançarmos o Plan du Rieu, ainda com fôlego e disposição e uma vista de hipnotizar, o desejo era de continuar adiante em direção à cadeia de montanhas em torno da Grand Coyer.


Mas o “randonneur” francês me chamou à responsabilidade. Anos de experiência e de convívio com montanhas, sabe que no inverno não se pode ignorar o avanço das horas e a necessidade de guardar uma margem de tempo para os imprevistos do retorno.

Na neve, todas as direções parecem iguais, a sinalização, caso haja, muitas vezes desaparece e na escuridão da noite, como diz o ditado, “todos os gatos são pardos”.


Em se tratando de um terreno acidentado, como nas montanhas, não existe margem para vacilar. É preciso que a prudência dite as regras e a hora de retornar.


Portanto, demos meia volta, antes do dia dizer “à bientôt”, certos de que voltaríamos. Depois de quase 6 horas de caminhada, incluindo paradas estratégicas para apreciar a beleza do local, nos despedimos de Peyresq.


E se você está procurando em que parte a grande aventura anunciada se perdeu, aguarde.


Eu conto no próximo post.

Comments

    • Virginia Prado says:

      Aguarde…foi adrenalina total em alguns momentos, mas uma experiência maravilhosa, além de estar sempre aprendendo com as montanhas.

    • Virginia Prado says:

      Super obrigada pela sua companhia nas minhas aventuras. Eu é que te agradeço. Muito bom saber que posso ajudar alguém a correr atrás de seus sonhos e desejos. Cada comentário é um incentivo a continuar dividindo meus percursos.

  1. Gisélia says:

    Continue com os seus percursos. É aventura ler e correr atrás dos meus caminhos, dos meus sonhos. Muito obrigada!

    • Virginia Prado says:

      Super obrigada, Gisélia! Você não imagina como esse retorno é importante e me inspira a continuar descobrindo novos percursos e a não deixar simplesmente ver a vida passar.

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