No percurso França na Copa 2022

 

Mais uma vez na França em uma temporada de Copa do Mundo, testemunhando uma final da equipe francesa.
Sem falsa modéstia, começo a pensar que minha paixão por este país colabora para o sucesso dessa equipe, a qual transfiro um pouco da arte do futebol do Brasil, sem jamais ter entrado em campo e chutado ao gol, mas simplesmente por ser brasileira e do país dos craques da bola no pé.
Na verdade, em 2018, eu esperava assistir uma final Brasil e França, com a emoção de estar torcendo no campo do adversário, o que não aconteceu. Em 2022, tudo parecia se repetir, com o Brasil entre os favoritos. Mais uma vez saímos precocemente, sem nos dar tempo de comemorar.
E, diferentemente da Copa 2018, desta vez a França, meu segundo país de coração, vai jogar contra a Argentina, o país da minha afilhada e sobrinhas queridas. Um país irmão de América, a do Sul, apesar de nutrir há tempos uma rivalidade com os brasileiros no quesito bola em campo.


França 2018

Dando marcha ré no tempo, só para relembrar, eu volto a 2018 em Strasbourg, na Alsace, onde em dias de jogos do Brasil, eu circulava pela cidade procurando alguma camisa verde amarela em bares ou restaurantes da cidade para me sentir mais em casa, mas acabava parando em frente à primeira televisão que surgia, quando escutava o apito que iniciava a partida.
Eu não posso afirmar se a maioria dos franceses apostavam no Brasil, mas os com quem eu conversava, enquanto a bola rolava, consideravam a nossa seleção a grande favorita. Eu , claro, concordava e me sentia orgulhosa.
Com o passar dos jogos e tombos do Neymar, o crédito dos franceses e a minha confiança na equipe foram cedendo espaço para esperança da vitória da França e minha torcida.
Na final da Copa, França e Croácia, eu me instalei em frente a uma TV de um restaurante no Centro, que tinha uma mistura de camisas, cores e países. Mesmo sem estar vestida de verde amarelo me senti representante do Brasil. A torcida também estava dividida. Alguns, como eu, vibravam pela França, outros, pela Croácia, como no estádio.
França venceu e eu acompanhei de perto a explosão de alegria de uma população que acompanhou com modéstia o passo a passo da equipe que entrou sem “cantar de galo” mesmo tendo-o como um dos símbolos há mais de 100 anos e, inclusive, estampado na camisa da seleção .

França 2022

Local onde me instalei para esta temporada na França.


Quatro anos depois, eu aterrizo na França em temporada de mais uma Copa. Desta vez, me instalo em um pequeno e antigo vilarejo, rodeado de altas montanhas, cerca de 100km da agitada e turística Nice, na região da Provença Alpes Côtes d’Azur. Com cerca de 100 habitantes, ver pessoas circulando pelas ruas de Meailles e nos vilarejos ao seu entorno, que carinhosamente apelidei de “fantasmas”, é algo raro e me chama a atenção.
Diferentemente das grandes cidades, o silêncio na montanha por vezes me faz esquecer que estou em plena Copa do Mundo. Ao contrário do que acontece no Brasil, dia de jogo, é rotina normal.
Os gritos, conversas altas e esfuziantes e comemorações com fogos de artifícios cedem espaço ao som da natureza. A quietude das vilas de montanhas faz duvidar ser o futebol o esporte mais popular da França assim como no Brasil.
Procuro as cores da seleção e por vez, encontro uma ou outra bandeira francesa trêmula discretamente em alguma janela , resistindo ao frio,vento e neve que antecipou sua chegada este ano.
O mais comum é escutar o barulho de passos em folhas secas, da neve que tomba dos telhados ou do sino da igreja, anunciando a corrida das horas.

caminhada ao silêncio do vilarejo


Nesta paisagem digna de inspiração de um artista, se os habitantes torcedores ainda estão tímidos, a natureza parece começar a se vestir com o branco da neve e o azul do céu a espera da minha passagem para compor as cores da vitória e o tricampeonato comemorar.

azul branco e vermelho no dia da final da copa 2022


Será? Vamos aguardar. Em quem vai apostar?

Comments

    • Virginia Prado says:

      Eu também. Não tenho como ser diferente, mas confesso que a vitória da Argentina também me deixará contente pelos argentinos que me são queridos.

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