O pacote de Natal do desapego traz de brinde o Feng Shui já visando ao Ano Novo que conta os dias para chegar.
Na minha faxina 2019, São Paulo entra no circuito para encarar a resistência que anda camuflada para deixar o tempo correr e o apego se acomodar.
Essa dupla é páreo duro de vencer.
Quando atua no abstrato, gruda como carrapato.
Complicado entender e mais difícil combater.
Mas, passo a passo, ultrapasso o apego e deixo a resistência se perder pelo caminho.
É hora de tomar distância na corrida do desapego sem aviso prévio para a resistência.
O que não tem mais serventia poderá ser alegria, mas em outra moradia.
É Hora de deixar o novo fluir
É hora de deixar o novo fluir.
O importante é acreditar que é possível se encantar com o que a resistência, até então, se incumbiu de cegar.
Finalmente é o novo ansioso para se mostrar. É São Paulo disposta a cada dia provar que o verbo apegar só impede de avançar.
É São Paulo em cada passada fazendo enxergar que a beleza do lugar está no olhar que cada um quer dar.
Eu não sei se é pelo faro, mas é certo que pés de corredor sempre sabem descobrir esse lugar, capaz quebrar a resistência que tenta persistir só para atazanar com um desânimo de paralisar.
O jeito é ignorar. Calço o tênis, deixo São Paulo bater na porta e me levar. Volto a madrugar e, como gosto, correr antes do sol despertar. Bem cedo já estou a caminhar ladeira abaixo em Vila Madalena até onde de fato a minha corrida vai começar.
Melhor lugar não poderia escolher para me acolher. Bairro dos Passarinhos, diz a arte na praça Panamericana, mas só para confirmar o que os pássaros em outra linguagem já haviam se antecipado a informar.
Assim como as aves, preciso extravasar
Assim como as aves depois de algum tempo aprisionadas, tenho pressa de poder extravasar, mas, insegurança de não ter pernas para alcançar.
A sensação é de querer me libertar e bem rápido acumular quilometragem.
Nas primeiras passadas a surpresa já me aguarda e me coloca em frente ao passado.
Nos pés de pitanga, espalhados pelo trajeto, passeio no quintal da minha infância, enquanto controlo a vontade de parar e poder saborear a lembrança.
Toda uma atmosfera feita para conquistar.
Cruzo com ciclistas e corredores nesse vai e vem na pista.
No bom dia de todos os dias, a certeza de já me integrar à paisagem.
São Paulo sempre me aciona a saudade das aventuras nos percursos franceses.
As suaves inclinações e curvas parecem feitas sob medida para quebrar a monotonia dos cerca de 8km de corrida.
um lugar perfeito para correr
Tudo isso em um só lugar.
De uma ponta a outra, entre duas pistas de duas movimentadas avenidas no bairro Alto dos Pinheiros.
Um lugar perfeito para correr.
Tão perfeito que os joelhos soltam o freio para deixar os pés imprimirem velocidade e ajudarem a cabeça a se desvencilhar da resistência aos trajetos de corrida, dando também um empurrão nos caminhos da vida.
Um percurso que está ali para mostrar que o que dá prazer pode perfeitamente se estender.
A opção de uma longa dentro do Parque Villa Lobos é uma tentação. Difícil descrever.
Mais difícil não sucumbir à sombra de uma árvore e ficar literalmente de pernas para o ar, só vendo o tempo passar.
Mas chega a hora de retornar.
Nos cruzamentos a tentação de mudar o rumo.
São Paulo lentamente se descobre e decididamente mostra que só a experiência quebra a resistência e não deixa o apego postergar o que a vida tem de presente para dar.
Pronto virou paulista…ai ai
Muito bom corrida é melhor negócio pra vida.
Se rendeu aos encantos da terra da garoa!