As festas ficaram para trás e a ressaca física e moral pós-comemoração está com prazo vencido. O cronômetro já foi acionado. Eu sei que é hora de dar largada na corrida e na vida. É hora de recomeçar, mesmo que alguns pensem ser apenas continuar. Mas será que dá para avisar ao calor para deixar?
É difícil convencer mente e corpo que, mesmo sem trégua merecida, a solução é receber com prazer a estação que a pouco me despedi no continente europeu. Atropelei o inverno francês para aterrizar no verão novamente, agora, versão Brasil 2019, com o toque carioca de ser. Só com menos resistência e mais persistência é possível avançar adentro desse percurso que promete um sol de escaldar.
A vontade e a disposição podem até existir, mas ficam inibidas já no primeiro contato ao amanhecer. Para colocar qualquer projeto em prática, é preciso ter muita persistência diante desse verão que se mostra sem noção e já ultrapassou a barreira dos 40 graus.
É uma queimação de dentro para fora e de fora para dentro capaz de baixar e subir a pressão em segundos. A impressão é que o calor chegou decidido a incomodar e brincar com o bom humor das pessoas. É difícil manter o equilíbrio e a produção despenca a passos largos. A empolgação ainda não acordou. É preciso manter a persistência. Mas do jeito que o calor decidiu provocar, o prazer de correr demora a querer seu corpo e mente dominar e esse antagonista do momento parece gostar. Muitas vezes até cumprimentar fica pelo caminho a desejar. Travar um diálogo, dá preguiça de começar. A sensação é que cada um fez pacto de contenção de energia por não saber o que ainda vai encontrar pela frente. O que não pode é perder a persistência.
E nem desejar parar para entender quando foi que o verão deixou de ser a estação preferida. O outono chegou pisando leve, ano após ano, e com suas cores e temperatura marcou presença, fez diferença e confesso ganhou espaço na minha preferência.
Mas o verão ainda tem seu momento. E, como tem! É só a temperatura não abusar. Se está difícil até para voar, que dirá correr, sem a sombra de árvores para me proteger. O pensamento viaja e vai buscar refúgio no frescor das trilhas das florestas francesas. Mas por que tão longe se o Rio de Janeiro tem inúmeros locais paradisíacos para oferecer? Falta confiança para percorrer em segurança. O noticiário logo cedo alerta sobre um assalto e aborta o desejo do trail solo. A passada segue adiante no percurso de todos os dias. É preciso ter persistência para não desistir.
Nessa hora funciona lembrar que muitos que estão em pleno inverno enfrentam outro tipo de problema. O frio faz o corpo tremer e, de ponta a ponta, gelar. Sem sol suficiente que possa esquentar, é difícil ter ânimo de se movimentar.
Para isso vale criatividade e muita força de vontade. Enquanto o frio congela, o efeito do calor e o desconforto do suor parecem sugar a última reserva que tinha para armazenar.
É preciso persistência e dispersar o pensamento. Mas como fazer depois de escutar que o verão deu passe livre para a temperatura se elevar? Nada diferente do que foi no verão do outro continente. Uma estação quente já é difícil de lidar. Duas, seguidas, ninguém merece atravessar. A vontade é desabar ou bem depressa dizer au revoir para aproveitar o frio que não esperei chegar. É preciso acelerar a persistência.
Que tal apelar para o poder do pensamento e utilizar o saber mentalizar, mesmo se difícil concentrar. E lá vem de novo a persistência. É repetir a perder de vista que ama o calor ou o frio. Parece coisa de maluco, mas pode funcionar. Pelo menos já é uma antiação para não cair na tentação de chutar o balde e vegetar diante do primeiro aparelho para climatizar.
Afinal, inverno ou verão, tanto faz. Na verdade, não importa onde está quando a estação chega disposta a colocar em prova a sua resistência. Cada dia me convenço que também não importa a distância, mas, sim, a disposição para encarar.
Muitas vezes uma curta distância pode ser bem mais difícil do que uma longa e o peso desse percurso, cada um vai determinar. Recarreguei a persistência, despistei a mente e segui sempre em frente. Dei partida no projeto corrida 2019. O difícil é sempre tomar a atitude de começar. Vamos lá!
Queria um pouquinho desse calor….
Divido com prazer…
Corajosa prima!
Este calor está difícil. É reagir ou sucumbir.
Coragem e persistência fazem parte de sua trajetória!!! Exemplo a seguir!!!
Obrigada, Jusara! O seu comentário é combustível para continuar em frente e dividindo meus percursos no Correr para Recomeçar.