Eu comemorei o percurso da vitória francesa. Por quê?

 

No percurso francês da Copa, eu entrei, de perto acompanhei o passo a passo da conquista do título e experimentei o sabor da vitória azul, vermelha e branca.

As cores tomaram as ruas de Strasbourg jogo a jogo, discretamente, acompanhando a evolução do time em campo e do acreditar de uma população na conquista do título de campeã.

No jogo final, o azul, vermelho e branco estavam nas cabeças, nas mãos, no rosto, por todo o corpo e até no bigode. Criatividade não faltou e até o pão saltou e no alto da cabeça se instalou. As cores pegaram carona nos carros, motos e bicicletas. Estavam por toda parte. Era olhar para baixo, para o alto ou dobrar a esquina que lá estavam a dizer: a Copa é nossa.

Assumiu o papel de senha dos torcedores, pequenos, jovens ou adultos. Quem já teve oportunidade ou pela primeira vez assistia a França levar o troféu. Franceses ou não franceses, mas que pelo azul, vermelho e branco se contaminaram e um lugar no coração reservaram. As cores não fazem triagem por nacionalidade e a torcida não pede identidade. O importante é saber se veio somar e não apenas procurar um canto para se encostar.

Eu me preparei para enfrentar a prepotência francesa que muitos falam, muitas vezes porque escutam falar, sem nunca ter tido oportunidade de comprovar.  Se entrou em campo eu perdi e com quem eu cruzei também não encontrei. Certamente existe, faz parte da natureza humana e muitas vezes se concentra em algum lugar, mas acredito que durante essa Copa na França não conseguiu emplacar. Eu sei que minha amostragem é pequena e talvez irrelevante para alguns, mas meu propósito não é convencer e, sim, apenas dizer porque não gosto de generalizar.

Eu torci pela França e vibrei no meio do azul, vermelho e branco a cada bola dentro do gol, sem pacote fechado com sua história, decisões políticas e econômicas dentro e fora de campo, assim como torci pelo Brasil, sem incluir o mesmo pacote.

Eu comemorei a vitória da França sem um olhar técnico para avaliar desempenho, mas curioso de jornalista nos detalhes de comportamento. Eu assisti o peso de cidadão ser maior do que o do medo de atentados e por um fim de semana inteiro transformar as ruas de Strasbourg em um mar de pessoas. A festa cívica de 14 de julho, este ano, foi a preliminar da grande comemoração. Nos rios, em terra, uniformizados ou à paisana, policiais estavam atentos, mas a população só estava preocupada em manter a tradição e junta comemorar.

Eu vibrei com o título de campeã pela acolhida que tive, pelos amigos que fiz, pela fraternidade que encontrei, pela liberdade que resgatei e igualdade que vi fazer valer quando merecer. Certamente não é um pais que faz uso do jeitinho. É claro que sempre há radicalização e alguns se afundam na rigidez. Perfeito não há, independente do lugar, e também não adianta só criticar.

Eu apreciei ver os franceses, independente de escolhas partidárias, mostrar o orgulho da nacionalidade no canto do hino para incentivar, mesmo o time estando bem longe. Eu me lembrei do Brasil, de nosso hino e lema em descompasso com o fazer e acontecer.

Basta um olhar, um sorriso, um sinal, um abraço e de repente de espectadora você passa a fazer parte do todo. A alegria de uma vitória emociona e contagia, mas foi na camisa de uma brasileira que eu me encontrei. 

 

 

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