O running tours na trilha francesa para a arte

Maison du Cygne- exposition d'arts

A placa de sinalização no meio do caminho da corrida sempre foi um convite, mas eu evitava olhar e seguia em frente completamente atraída pelo que viria mais adiante, a bela Île du Gaou. A curiosidade sobre a Maison du Cygne ficou guardada e conhecer o local ultrapassou a expectativa. No percurso em direção a Maison entrei no Bois de la Coudoulière e me encantei. Sem dúvida, arte e natureza em um só lugar e que agrada aos olhos de quem corre ou não.

Maison du Cygne - arte do homem e da natureza
Maison du Cygne – arte do homem e da natureza

Depois de vários dias de tempo instável, uma estiada em contagem regressiva para deixar Sanary-sur-Mer é motivo suficiente para dar uma pausa em tudo que há para fazer, esquecer que não está em plena forma física e sair para correr. Partindo do porto da cidade e seguindo pela orla de Six Fours les Plages até o Parc de la Méditerranée à esquerda está a Avenue du Cap Nègre que conduz ao Bois de la Coudoulière e a Maison du Cygne. Desta vez, foi esse o caminho escolhido.

Bois de la Coudoulière em Six Four les Plages
Bois de la Coudoulière em Six Four les Plages

 

Bois de la Coudoulière

 

O parque é um local de fácil acesso para dias de pouco tempo e uma opção de oásis para os corredores. É possível aproveitar as trilhas no frescor e sombra das árvores nos cerca de 12 hectares.

Ao contrário dos dias de verão, que o local parece ponto de encontro de corredores, depois da chuva, a trilha era só lama. Pensei em desistir na entrada, mas a paisagem, o cheiro de natureza e a sensação de revigorar me empurravam para frente. Em alguns trechos, diminuir a passada para praticamente um lento caminhar foi a opção para não escorregar, mas também por causa de um remorso que me abateu.

Eu sabia que não era justo esse tratamento ao meu fiel tênis em fim de carreira. Mas, como bom companheiro de todos os percursos, não seria daquela vez que iria me deixar na mão e, com certeza, assim como eu, deveria estar entendendo que às vezes é necessário procurar diminuir o impacto e fazer um agrado ao esforçado joelho e à resistente coluna.

Pelo trajeto em direção a Maison du Cygne, alguns caminhantes, mas, em direção ao Coudou Parc, um local de aventuras tipo Tarzan que faz a cabeça das pequenas e grandes crianças.

Coudou Parc
Entrada do Coudou Parc

Maison du Cygne

 

Na entrada da Maison du Cygne — uma construção do início do século XX e hoje patrimônio histórico da cidade —, a certeza que o desejo de conhecer o local iria me render um belo final de manhã. Nos jardins da casa, arte do homem e arte da natureza em total harmonia dividem espaço com plantações de rosas, temperos, árvores frutíferas e um cantinho reservado especialmente para a criançada poder aprender como se planta, colocando a mão na terra.

Aliás, é possível ver na prática a interação das crianças com a natureza por todo o Bois de la Coudoulière. Placas espalhadas em diferentes pontos creditam a plantação à alguma escola de Six Four les Plages. É dessa forma, quase como uma brincadeira, que vão aprendendo a importância de preservar o meio ambiente.

Maison du Cygne - La Roseraie
Maison du Cygne – La Roseraie

O interior da casa é reservado a exposições durante todo o ano.  Em momento de desmontar e se preparar para receber o próximo artista, não aproveitei mais essa atração.

Mas pelo exterior da Maison circulei, registrei e me deixei perder pelos inúmeros caminhos e atmosfera envolvente até que, como em um sonho, fui acordada por uma pessoa responsável pelo lugar. Estava na hora de fechar para o almoço. Só assim descobri que passei mais tempo do que poderia e que nada é por acaso.

Aproveitando para exercitar meu francês travei uma conversa até a saída e descobri algo em comum com a gentil francesa. Ela também é corredora. Além de maratonista e praticante de ultra trail, já tinha feito a Marathon des Alpes-Maritimes. Na minha atual aparência de falta de preparo físico, não sei dizer se fui convincente ao me apresentar como maratonista. O fato é que trocamos e-mails e foi mais uma simpática habitante que cruzei nos meus percursos pela França.

Engrenei a primeira e peguei o caminho de volta para casa.  Apesar do corpo ter esfriado e mesmo carregando alguns quilos a mais, me sentia leve, efeito da mistura da escolha de um belo percurso e incentivo de conhecer mais uma amante do desafio dos 42,195 km.

Essa possibilidade de praticar o running tours tem sido uma experiência fantástica, além de uma grande economia.

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