Carona do Oscar para um percurso em Le Castellet

Trou de Madame - mirante

Na carona do Oscar e saudade dos bastidores de filmagem, faço um percurso atravessando o túnel do tempo e entro na cidade medieval Le Castellet, cenário de um clássico do cinema francês, La Femme du Boulanger, de Marcel Pagnol. Mais um convite da minha amiga francesa e mais um percurso cinco em um: conheço uma linda cidade, faço uma boa caminhada, aproveito para exercitar o meu francês, aprendo um pouco mais sobre a região da Provence Alpes Côte D’Azur e em boa companhia.

Sanary tem a vantagem de estar estrategicamente situada e oferecer em algumas passadas diferentes percursos do litoral ao medieval, sem faltar as opções campo ou floresta. De Sanary a Le Castellet são 13Km pelo sentido Bandol e La Cardière e 18Km por Évenos e Le Beausset, mas preferimos poupar tempo e poder explorar o que eu ainda não conhecia já que estamos no inverno e os dias são mais curtos. Fomos de carro até o início da subida para Le Castellet, que fica no alto de uma colina. Desse ponto partimos para nossa aventura do dia a todo momento dividindo espaço com grupos de ciclistas.

Na subida, a beleza crescente de uma paisagem à medida que se afasta do ponto de partida e a oportunidade de conhecer os famosos vinhedos da região de Bandol. Ao colocar os pés na charmosa cidade, respira-se uma mistura de atmosfera medieval e cinematográfica. Essa oportunidade que a Europa oferece de deixar a história entrar em você não tem preço. Todas as vezes que conheço alguma dessas cidades medievais, viajo no tempo e aproveito para imaginar a minha própria história como espectadora de uma época tão distante.

Em Le Castellet não foi diferente ao cruzar o portal. No trajeto até a praça do antigo castelo, que deu nome à pequena cidade, além das passadas na história, no imaginário e no filme La Femme de Boulanger, foi possível apreciar as ruelas floridas e coloridas, também parecendo cenário de contos infantis.

De um lado do antigo castelo, que hoje abriga a prefeitura da cidade (Mairie de Le Castellet), a rústica igreja de la Transfiguration du Sauveur e, do outro, um curioso buraco, Le Trou de Madame, com uma magnífica vista do maciço de Saint Baime, de Brûlat e de Saint-Anne de Castellet. Segundo conta a lenda, o buraco foi aberto para a dama do castelo esperar o retorno de seu cavalheiro. Certo é que naquele local qualquer pessoa esquece do tempo e se perde na linda vista.

Um café no meio do caminho para descansar as pernas, antes de, em ziguezague, circular por toda Le Castellet para nada esquecer de ver. A paisagem dentro da cidade e do entorno é de extasiar e como sempre dá vontade de um pouco mais ficar, mas era preciso descer a colina para ter tempo de conhecer Le Beausset, a vila vizinha.

Era dia de Marché! Esses marchés me lembram Brasil, me dão a sensação de estar nas feiras Hippie de Ipanema, no Rio de Janeiro, ou de Arte e Artesanato em Belo Horizonte.  Esses marchés, que têm de tudo um pouco e são eventos que atraem turistas, me fazem sentir saudade da minha origem.

Um rápido giro pela cidade, não cedendo a tentação de sentar para um bom-papo em um dos cafés da praça, uma casa moinho no meio do caminho e ainda tempo de conhecer a Chapelle Notre-Dame du Beausset-Vieux, antes do dia decidir que era hora de se apagar para deixar a noite chegar.

Até aquele momento, surpreendentemente, eu e minha amiga francesa estávamos cumprindo nossa programação, sem erros no percurso do Chemin des Oratoires. Mas foi só nos vangloriar que o caminho resolveu aprontar. Atraídas por uma placa que mostrava uma opção para caminhantes, entramos sem pensar. Como de costume, um sobe e desce, volta e escolhe a direção errada, mas nada capaz de tirar o bom humor. Eu já sabia que cada erro é sempre uma nova descoberta que talvez não tivesse oportunidade de conhecer.

Finalmente quando retornamos ao Chemin des Oratories, foi seguir as placas e as oratórias e lá estávamos na capela, diante de mais uma bela vista. O caminho de volta é sempre mais fácil e, sem erros, parece mais curto. Na descida escutávamos o barulho dos carros nas pistas do circuito Paul Ricard. Mas esse ficava para um outro dia.

Le castellet -Casa estilo moinho em Beausset
Casa estilo moinho em Beausset

Mais uma caminhada, mais uma cidade na região e mais uma aventura para registrar e sempre lembrar.

La Femme de Boulanger(1938)

 No Brasil, a obra de Marcel Pagnol é conhecida como “A Mulher do Padeiro”, uma comédia romântica, baseada no romance “Jean Le Bleu, de Jean Giono, que ganhou uma versão musical americana The Baker’s Wife, de Stephen Schwartz, em 1989.

Cartaz A Mulher do Padeiro
Cartaz A Mulher do Padeiro (1938)

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Comments

    • Virginia Prado says:

      Obrigada! Esse retorno é sempre meu maior incentivo para recomeçar a cada dia. Será maravilhoso contar com a sua companhia nas próximas aventuras.

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