A distância longe ou perto, um trajeto ainda a percorrer

Eu sou de uma geração que caminhava para a globalização e preparava o mundo para a Era das Trocas, do tempo real ao alcance de todos, para não perder tempo. Um tempo que, hoje, parece não dar tempo de aproveitar muito mais o tempo de poder estar.

Quando pensamos começar o ano, o mesmo já terminou. Quando pensamos em começar relações, essas já perderam razão de existir. Quando pensamos em realizar, já está na hora de terminar. Assim vamos levando, ou deixando a vida nos levar. Assim vamos não tendo tempo para ter tempo de cultivar e perdendo tempo de poder estar.

Quantos de nós moramos na mesma cidade, bairro ou casa e passamos dias, meses ou anos sem ter tempo de perguntar como foi o dia de quem, ali, tão perto está. Sem ter tempo de encontrar. Sem ter tempo nem sequer de expressar o tamanho do gostar.

A distância, na verdade, existe em qualquer lugar, longe ou perto, depende do nosso querer e olhar. Mas, é quando vemos partir alguém querido, ou somos nós que partimos, que conseguimos de fato avaliar. Eu nem estou falando da morte, porque essa ainda não encontrei palavras para expressar.

Muitas vezes imaginamos que o tamanho da distância só é grande ou maior para quem ficar. Afinal, quem partiu não vai ter tempo de pensar, no momento que o novo se apresentar. Era assim que eu sentia toda vez que via um filho partir, mesmo com a certeza que um dia iria voltar. Precisei ocupar esse lugar para perceber a distância sob um outro olhar.  Para sentir que a distância, independentemente de quem fica ou vai, pode se superar e muitas vezes, para muitos, tomar proporções difíceis de suportar.

São datas e momentos que não param no tempo e esperam para acontecer. São momentos e eventos que fazem querer a todo custo se transportar e tudo abandonar. É nessa hora que a distância geográfica se diferencia da outra, que basta perceber e querer para acabar. É nessa hora que a distância geográfica mostra que tem peso e uma quilometragem suficiente para te testar e que o presente nunca poderá voltar.

Quem viveu ou vive longe conhece exatamente esse outro lado da distância, que se esconde das fotos, vem e volta e muitas vezes te faz chorar.  Quem viveu ou vive longe, convive, mas valoriza todos os momentos que a distância puder evitar e, certamente, aprende o real significado e peso do poder estar.

Resta saber se, no dia a dia, de cada um ou de todos, existirá tempo desse olhar chegar e poder, de fato, com a distância, longe ou perto, acabar.

E você, conhece o tamanho da distância? Comente. Compartilhe em suas redes sociais. Marque aquele amigo ou parente, perto ou distante.