A maratona do período sabático, dificuldades, perdas e ganhos

virginia Prado em Sanary-sur-Mer
Correr para Recomeçar Torre Eiffel
Seis meses de França, de muitas descobertas e aprendizado.

Seis meses de França, de muitas descobertas e aprendizado, mas também de muita saudade, momentos difíceis e necessidade de determinação nos percursos de corrida e de vida. O período sabático na interpretação de alguns é só alegria ou férias prolongadas. Se, realmente, utilizar seu tempo com essa visão, tem grande chance de não sair do mesmo lugar. Eu até hoje escuto comentários sobre a boa vida que estou levando. E quer saber? Acho ótimo. Acredito na energia das palavras e, quem sabe, brevemente, essa “boa” resolve estacionar na minha vida para sempre.
Quando sai do Brasil, tinha definido o que esperava realizar. Eram muitas frentes ao mesmo tempo e me vi diante da conhecida constatação: na prática, a teoria é outra. Às vezes, um simples cabo de carregador que se rompe torna-se um grande problema. O que em seu país, dominando a língua e sabendo onde procurar, resolveria rapidamente, eu consegui mobilizar dias e, o que é pior, sem encontrar uma solução a curto prazo como gostaria.  Esse é um pequeno exemplo. Tem também aquela obturação que resolve cair justamente para você não pensar que pagou o seguro saúde em vão. Imprevistos acontecem, inclusive em períodos sabáticos.

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percorrer um caminho interno, muitas vezes, difícil, que exige esforço e determinação.

Eu sempre comparo a minha listinha de realizações pretendidas com aquele primeiro momento de definição de tese de mestrado ou projeto final. São tantas ideias fervilhando que a abrangência é enorme. Nada melhor do que o tempo e o pé na realidade para aparar as arestas e começar a focar no principal e possível.
Esses primeiros seis meses foram de conhecimento de percursos externo e interno.

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caminhar comigo para enxergar o passado como passado e desejar acelerar a passada em direção a um futuro que tenha movimento e que me traga crescimento emocional, profissional e pessoal.

Eu precisei sair da minha vida para percorrer um caminho interno, muitas vezes, difícil, que exige esforço e determinação. Eu precisei sair da minha vida para enxergar que, às vezes, o que você pensa que quer, não está nem próximo do que você merece.
Eu precisei sair da minha vida para constatar que soube dar e amar e que, agora, tenho que aprender a receber e ser amada.
Eu precisei sair da minha vida para descobrir que os percursos desconhecidos, em um primeiro momento, podem causar medo, mas que também surpreendem e fortalecem.

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descobrir que os percursos desconhecidos podem causar medo, mas que também surpreendem e fortalecem.

Eu precisei sair da minha vida e  caminhar comigo para enxergar o passado como passado e desejar acelerar a passada em direção a um futuro que tenha movimento e que me traga  crescimento emocional, profissional e pessoal.
É nessa mistura de trajetos que faço com os meus pés e com o meu emocional que vou me encontrando.
Cada trilha do litoral percorrida, cada montanha conquistada, cada floresta desbravada, cada cidade, arte e história conhecidas tem sabor de vitória rumo ao futuro.
Assim como é necessário um trabalho de base  para cada vez que vamos correr os 42,195km de uma maratona, precisamos  fortalecer o físico e, principalmente, o emocional para percorrer a quilometragem da vida, com mudanças de percursos e obstáculos.
Nesses seis meses de período sabático, alterno momentos de grande euforia e perspectivas e outros de desânimo e até mesmo me sentindo perdida, sem enxergar o começo da nova trilha, sem acreditar que avancei no meu projeto França.

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Cada trilha do litoral percorrida, cada montanha conquistada, cada floresta desbravada, cada cidade, arte e história conhecidas tem sabor de vitória rumo ao futuro.

Nesses altos e baixos, vou tentando vivenciar cada segundo e aprender o máximo com essa experiência sem respostas prontas para quanto tempo e onde.
A longa caminhada solitária está me ensinando a deixar a vida fluir no seu tempo e nas suas possibilidades. Está me ensinando a conviver com a saudade, com a distância de pessoas queridas e com a constatação de que nem sempre o estar próximo pode comandar ou alterar situações. Está me ensinando a percorrer o trajeto com o tempo e não mais correr contra o tempo.
Sem perceber, o período sabático já está me proporcionando realizar o sonho de completar mais uma maratona, só que de vida. Que venham muitas outras! Quem sabe, acabo tomando gosto e me tornando ultramaratonista.
Falar sobre a minha vida ou, mais, expor, ainda é algo difícil, uma novidade que chegou junto com o período sabático e incentivada pela minha parceira de blog Claudia Lobo.  Tem horas que empaco. Mas, se em tão pouco tempo nossos casos já incentivaram uma amiga leitora a correr para recomeçar já tem o porquê de existir e comemorar.
Toda essa viagem interna que acabo de dividir é mais um resultado do período sabático,  uma experiência fantástica, marcante e inesquecível, que quem tiver a oportunidade não deve deixar escapar.

Correr para Recomeçar virginia Prado
A longa caminhada solitária está me ensinando a deixar a vida fluir no seu tempo e nas suas possibilidades. Está me ensinando a percorrer o trajeto com o tempo e não mais correr contra o tempo.

 

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Comments

  1. Beatriz Quintao says:

    Vi, minha amiga querida!!!!
    Me emocionei ao ler o seu texto!!!! Você sabe muito bem, que quando li o seu primeiro post ele mexeu tanto comigo que tomei uma decisão na vida que, não sei se por medo, eu sempre deixava em segundo plano!!!!
    Aprender ou melhor tentar falar inglês era e é meu grande sonho!!! E eu estou aqui!!! Tomei coragem, organizei tudo e estou amando!!!! Quatro meses longe da casa, da família, do seu país …..é uma experiência fantástica e em qualquer idade!!!!
    Obrigada pelo incentivo e te desejo tudo de bom….beijos….saudade…( sim você aprende a conviver com ela!!!! )

    • Virginia Prado says:

      Fico feliz de ter contribuido para a decisão de correr atrás do seu sonho. Você passou a ser o incentivo para o blog seguir em frente. Muito sucesso na sua trajetória. Beijos

  2. M Lucia Fonseca says:

    Vi!!! Que texto bonito!! Correr dentro de você para recomeçar!!! Que privilégio ter esta oportunidade! Continue indo fundo. Daqui fico só me embevecendo com a sua experiência!!! Beijo

    • Virginia Prado says:

      Obrigada! Ser motivo de orgulho para você já é o meu maior incentivo para continuar o percurso, apesar da saudade.

  3. Cristina says:

    Amei!Sonhe, viva! “Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.” saudades e beijos.

  4. Anônimo says:

    Oi Vi!!!Amei todo o texto em especial “descobrir que os percursos desconhecidos podem causar medo, mas que também surpreendem e fortalecem” grande verdade.
    Bjs…estamos com saudades.

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