Uma cidade medieval no alto de uma montanha, que de tão pequena pode passar despercebida em um roteiro turístico na região dos Alpes Provence Côte d’Azur. Évenos não costuma aparecer entre as indicações de lugares inesquecíveis para conhecer, mas tenho certeza que quem, assim como eu, conheceu a pequena cidade se encantou e, por alguns momentos, se transportou para um de seus contos de fadas preferidos. Na verdade, Évenos compreendre três pequenas vilas: Sainte- Anne D’Évenos, Broussan e a cidade medieval.
Eu e minha professora de francês e companheira de caminhadas partimos bem cedo de Ollioules em direção a Évenos, com a intenção de driblar o sol. O trajeto seria de cerca de 7km (ida e volta), considerado de dificuldade média, embora na maior parte com subida.
Começamos nosso percurso na estrada D 462. Como era previsto, apanhamos um pouco do mapa, mesmo eu já me considerando expert em leitura e interpretação cartográfica. Pegamos caminho errado, voltamos, começamos de novo. Tudo estava valendo, afinal cada erro era sinônimo de alguma linda paisagem. Cada explicação que pegávamos com algum morador, parecia muito simples, mas em cada encruzilhada surgia a terrível dúvida: esquerda ou direita? Entre erros e acertos, seguimos em frente. Achamos o Chemin de l’Enchristine e a entrada para a trilha. Depois, novamente no asfalto, no Chemin de Venette (D2062), a subida final e chegada em Évenos. Trajeto feito com muitas paradas para apreciar a vista e a natureza e, claro, um bom papo.
Assim que entramos na cidade, encontramos um casal de turistas e só. Não sei se os habitantes da cidade ainda dormiam ou já haviam saído de suas casas. Tudo fechado e silencioso. A minha curiosidade de conhecer e conversar com um morador foi e voltou comigo. Em poucos minutos conhecemos a pequena cidade medieval e viajamos na história e na imaginação. Até um castelo do século XII não faltou para compor o cenário.
Ao longo dos séculos, o castelo, que teve o início de sua construção durante o reinado de Louis VII ainda jovem, passou por modernização, obras de embelezamento e de mão em mão. Até 1793 manteve suas funções militares. No século XX, tornou-se propriedade privada e, atualmente, passa por mais uma reforma. (fonte: https://www.capilotades.com/chateau-evenos.html)
O acesso ao interior do castelo não é permitido. Admirar, só do lado de fora. Ainda não foi o meu dia de princesa. No entra e sai de ruelas, encontramos a charmosa capela, dedicada a Saint Pierre, aberta. E mais, com a exposição de um belo presépio todo feito de material reciclável pelo casal de escultores Andre e Renne Andreini. A pequena vila medieval abriga também uma creperia, loja estrategicamente localizada, onde se pode degustar os produtos da casa admirando a linda vista do terraço. No nosso caso, ficamos apenas com a vista, pois a loja também estava fechada, e com a grande lição de procurar informação sobre os horários de abertura se por lá quisermos fazer uma refeição.
A caminhada até a vila medieval de Évenos é tranquila, mas quem preferir pode ir de carro. E, se quiser um pouco mais de aventura no passeio, é só seguir os nossos passos.
Ainda cheias de disposição e contando com a camaradagem do tempo, que ainda não estava absurdamente quente como tem sido nesse verão, resolvemos inovar o trajeto de volta a Ollioules, quando quase chegávamos no ponto de partida na D 462, pegamos uma parte do leito do rio Reppe. Só não me senti um peixe porque estava seco. Na verdade, foi uma escalada em pedras. O caminhar pelo leito do rio seco trouxe sensações divergentes. O prazer de conhecer o interior e a tristeza da ausência da água.
O Reppe, depois de atravessar Ollioules, desemboca no mar Mediterrâneo dividindo as cidades de Sanary sur Mer e Six Fours Les Plages. No início da minha temporada na região, quando ainda não tinha o domínio da localização, o rio era minha grande referência e, até hoje, a paisagem de seu curso continua sendo minha companhia no trajeto Sanary à Ollioules.
Depois do rio, avistamos uma caverna e também uma possibilidade de trilha. A escalada já estava de bom tamanho. Pensei, sem imaginar o que nos esperava no próximo trecho. A trilha, que inicialmente era paralela ao leito do Reppe, começou a subir. Subimos tanto, e em trechos tão inclinados, que da sensação de ser um peixe passei logo a me sentir uma verdadeira cabra.
Ollioules já era um pontinho lá embaixo e eu imaginava que estávamos chegando novamente na cidade medieval por um caminho mais difícil. O sol já se mostrava disposto a encerrar a trégua junto com o cansaço que começou a dar sinal de vida. Cada vez que imaginávamos ter chegado a hora de descer a ladeira, era uma subida mais inclinada e uma prova de resistência.
A descida tardou, mas chegou e foi só colocar o pé no freio para não prejudicar o sofrido joelho. De repente, estávamos dentro de Ollioules, ponto final para minha companheira de aventura. Eu ainda teria cerca de 6 km a mais até Sanary e, enfim, relaxar, merecidamente, de pernas para o ar.
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Espetacular!!!!! Adorei
As cidades visitadas me surpreendem. Lindas! E vc sempre no “ritmo esportivo”.