As voltas da vida

Mouette em Sanary

A vida dá voltas e, às vezes, tão rápidas que até nos surpreendem. Há um mês quando deixei Sanary-sur-Mer em direção à Paris, imaginei que a minha temporada na região havia terminado, mesmo sabendo que ainda havia muito o que conhecer e registrar. Uma reunião em Marseille, ou o destino, me fez retornar à Sanary.

Depois de um mês bastante movimentado em Paris, voltei para o meu primeiro porto seguro. Depois de uma maratona por albergues na capital, voltei a ter um lar para chamar de meu, mesmo que por apenas um mês. Quem já passou por essa experiência de ficar sem um lugar fixo, e circulando de um lado para o outro com bagagens pesadas, sabe exatamente qual o consumo de energia. Imagino ser nesse momento que muitos desistem de prosseguir com o projeto sabático. Imagino ser nesse momento que você tem vontade de voltar para casa, que a saudade, no meu caso, dos filhos, netos, família e amigos, aperta e incomoda.

Por esse motivo, o retorno à Sanary foi importante. E, quando digo Sanary estou me referindo a todas as cidades no entorno (Six Fours Les Plages, Bandol, Saint Cyr, La Sayne sur Mer, Ollioules, Saint Mandrier), que já tive oportunidade de conhecer, me apaixonar e ter o que contar e lembrar.

Esse pedaço da região de Provence-Alpes-Côte d’Azur (PACA), sem eu perceber, passou a ser minha referência francesa.

andol ao fundo vista da Avenue de Ségur em Sanary sur Mer
Bandol ao fundo vista da Avenue de Ségur em Sanary sur Mer

Aqui, me sinto em casa e consigo diminuir a ansiedade e o desejo de jogar tudo para o alto e voltar para o Brasil.  Aqui, eu tenho meu cartão (ZOU) de desconto nas passagens de trem, embora utilize pouco por preferir correr e caminhar. Aqui, eu tenho meu cartão de descontos em uma rede de supermercados. Aqui, já dou “bonjour” para pessoas que realmente conheço, mesmo que sendo só de vista. Aqui, eu já identifico os locais por onde passo, durante minhas corridas, e, mais do que isso, tenho uma história para lembrar.

cantinho do exercício em Sanary

Aqui, tenho o meu cantinho, em frente ao mar, para fazer meus exercícios ao ar livre. Aqui, minha atividade diária já despertou a atenção e pedidos de orientação para uma vida mais saudável. Abrindo um parêntese para dizer que me senti o máximo conseguindo orientar em francês e ser entendida. Aqui, eu já me sinto inserida no cotidiano da cidade.

A primeira semana foi uma verdadeira batalha tentando conciliar o meu desejo de recuperar o tempo perdido de corridas e a boa forma física com a sensatez de quem está retomando uma atividade e com o corpo e mente ainda se recuperando de um desgaste. A escada que apelidei de Penitência foi meu termômetro.

Muito trabalho pela frente, mas feliz de ter novamente oportunidade de fazer meu trajeto de 5 Km até Ollioules para o curso de francês. Encontrar amigas e planejar caminhadas. Muito trabalho pela frente, mas feliz de sair trotando por Portissol e me ver quase chegando em Bandol, sem perceber. Muito trabalho pela frente por saber que a caminhada é difícil, que o mês passa rápido, mas feliz e confiante  de que, a qualquer momento, posso cruzar, não só com mouettes, mas, também, com algum olhar interessado em investir em veículos e histórias que incentivam a buscar sonhos e vida, na contramão de muitos que acreditam ter chegado a hora de apenas esperar o tempo acabar.

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