Correr e caminhar em Paris

Correr e caminhar em Paris é ter toda a cidade como um grande percurso a ser explorado. É conhecer ou rever locais que, talvez, não tivesse oportunidade ou tempo. É encontrar monumentos e paisagens pelo caminho. É ver arte por todos os lados e até nos locais mais improváveis nas ruas. É ver a preservação da história e sentir-se mais culto e participante.  É trabalhar a força de vontade e vencer a tentação de parar, apreciar e ficar.

Correr e caminhar em Paris é se sentir em casa ao cruzar com milhares de corredores espalhados pelas ruas, parques e jardins. É todo o tempo desviar de habitantes e, principalmente, turistas, não importa a hora. É ter a sensação de que a  Cidade Luz não dorme, pelo menos durante as estações em que o sol faz questão de invadir a noite.

Correr e caminhar em Paris é certamente passar a fazer parte de alguma foto em algum lugar do mundo, mesmo que tente fugir dos cliques. É confundir-se, ao ver tanta gente registrando, e só perceber que você não fotografou quando chega em casa.

Correr e caminhar em Paris é sempre uma caixa de surpresa. É ter certeza que está cortando caminho em alguma rua paralela, se perder e passar a entender o porquê de tantas pessoas com GPS e mapas pela cidade. É perceber que você saiu sem o seu acessório essencial. É também descobrir que caminhos opostos podem te levar ao mesmo lugar.

Correr e caminhar em Paris é estar na poluição do asfalto, olhar para o lado e encontrar um refúgio verde, mesmo em plena Champs-Elysées. Paris não tem praia, mas tem mais de 400 áreas verdes espalhadas pela cidade, além, é claro, as margens do Sena.

Correr e caminhar em Paris é ter a sensação de estar em uma grande sala de aula multilíngue. É pensar que pode estar em qualquer parte do mundo, inclusive Brasil, mas, principalmente, Japão. É deixar de acreditar de que o francês de Paris não é muito hospitaleiro, ou pelo menos, tentar entender a origem da fama, colocando-se no lugar dos habitantes a prestar informações, milhares de vezes ao dia, sem ter escolhido o turismo como profissão.

Jardin des Tuileries

Jardin des Ambassadeurs – ao lado da Champs-Élysées

cadeados do Amor

Torre Eiffel vista da Ponte Alexandre III

Correr e caminhar em Paris é escutar a todo momento bonjour, bonne journée, pardon, excuse-moi, e je vous en prie.  É constatar que locais mais inusitados servem de testemunha de milhares de anônimos que escolheram a cidade para o pacto do amor. É também perceber que enquanto você optou pelos pés para conhecer a cidade, outros preferiram diferentes meios de transportes para locomover-se e que todos convivem pacificamente no dia a dia da cidade que não para.

artista de rua em Paris

imigrante nas ruas de Paris

Mas, correr e caminhar em Paris é também estar cara a cara com imigrantes solitários ou em grupos familiares, incluindo crianças, espalhados pela cidade. Pessoas que, provavelmente, um dia tiveram vida e expectativas sobre o futuro e, hoje, tornaram-se invisíveis entre as sacolas do consumo, do poder e da indiferença. É sentir-se incapaz. É refletir que é necessário e urgente correr para virar essa página e poder caminhar adiante.

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