Le Printemps des Potiers no caminho de Bandol

diferentes pisos no calçadão de Bandol

Bandol foi o percurso escolhido para fazer no feriado de Lundi des Pâques. Cidade vizinha de Sanary-sur-Mer, assim como Six Fours Les Plages, Ollioules e La Seyne sur Mer, Bandol foi uma das primeiras rotas que descobri, ao chegar na região. É rota de preferência de ciclistas e corredores.

Com acesso fácil, sem muitas curvas e ronds-points para confundir, do Port Sanary ao Office de Tourisme de Bandol, que fica no final da Quai Charles de Gaulle, você faz cerca de 6 km, sem perceber. Eu já conhecia o percurso caminhando, correndo seria a primeira vez.

A subida inicial na Avenue de la Résistance pode assustar, ainda mais em um dia de sol, não tendo saído de casa bem cedo, como de hábito, e sem um treino regular nos últimos meses. Mas, eu conhecia bem o trajeto e sabia que iria me distrair com a beleza da paisagem. Faltando pouco para a última curva, no final da avenida, resolvi experimentar entrando à esquerda e dei de cara, ou de pernas, com uma subida mais inclinada e uma placa de rua com o nome Chemin de Diable.  Depois de fazer o Chemin de Croix, lá estava eu, sem programar, entrando no caminho do diabo e em plena segunda-feira. Nem pensar em parar no meio de uma subida.  O jeito era pagar para ver. Até agora não sei o porquê da origem do nome. Apenas um atalho, bem curto e bonito, que me levou novamente à Avenue de la Résistance, já no seu final.

A partir daí, Route de Bandol, muita descida para relaxar as pernas e apreciar a vista da cidade, que a cada passada se torna mais próxima. É o momento de encontrar e ser ultrapassada por colegas corredores, sem me incomodar. Era um dia de corrida sem compromisso com tempo. Cada vez que cruzava com algum corredor ou ciclista, no sentido contrário, me lembrava que precisava manter meu entusiasmo e guardar uma reserva para a volta, que seria uma subida com uma inclinação média, mas, contínua.

Rapidamente alcancei a orla, mas, ainda Sanary. Uma parte da cidade que você não imagina existir, se não for visitar Bandol. A divisa das cidades na orla passa despercebida. Assim como a de Sanary com Six Fours Les Plages e Ollioules, apenas uma ponte e já estava correndo em Bandol. Os diferentes pisos (madeira, cimento, ladrilho) me chamou atenção. Pelo caminho, monumentos, cassino, porto, praia, muitas lojas e bares em uma cidade turística, que dá largada para a alta temporada, nesta época do ano, passando de uma população de cerca de 8 mil habitantes para em torno de 40 mil. Correndo devagar ou, melhor,  trotando, aproveito para observar ao redor e conhecer a cidade, sua história através do que vejo e sinto.  A expansão marítima e portuária para exportação de seus vinhos, a produção de flores e, por último, a atividade balneária e turística são pontos fortes da economia da cidade ao longo dos anos, a partir do século XVIII.

Marché des Potiers no calçadão de Bandol

Ao longo do Quai du Port, começo a dividir o calçadão com a Marché des Potiers, uma tradicional feira de cerâmica, que acontece durante esse feriado prolongado de Páscoa. Com mais de 70 stands, o público apreciava a exposição de diferentes técnicas de cerâmica contemporânea, desde a escultura ao objeto utilitário.

A curiosidade e vontade de participar falou mais alto. Alguns registros e uma parada no atelier para admirar as crianças se divertindo e aprendendo sobre a arte. Apesar de não ter registrado, acompanhei a movimentação do preparo, que depois fiquei sabendo, tratar-se do momento de degustação de sopas preparadas pelo chefe Yohann Imbert, do restaurante The Belfry. A feira faz parte de uma grande programação Le Printemps des Potiers, que termina com uma exibição de filmes sobre cerâmicas, de 29 de abril à 1° de maio.

Fim de linha com direito a uma entrada na Office de Tourisme e regresso com uma quantidade de material informativo sobre possíveis percursos na cidade. Precisaria de mais tempo na região para realizar todos os trajetos do meu desejo. Um problema a ser resolvido mais tarde. Agora, foco no retorno para casa. Detesto correr carregando qualquer coisa, até mesmo uma garrafa de água. Me lembrei da Maratona de Nova York, no inverno, e que, já nos primeiros quilômetros,   desfazia-me do agasalho pelo caminho. O que fazer? Tem sempre uma primeira vez.
Além do material impresso, uma subida me aguardava no sol forte de meio-dia. Nesse caminho de volta, vale registrar o exercício mental. É nessas horas que percebemos e trabalhamos nossas tendências a desistir diante dos primeiros obstáculos. A cada passada, era uma briga travada entre meu desejo de completar a corrida e milhões de desculpas e motivos, que surgiam para me atormentar. Venci as tentações e completei os cerca de quase 12 Km e me senti mais fortalecida para enfrentar os obstáculos da vida.  E, até o próximo percurso!

 

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Comments

    • Virginia Prado says:

      Seus comentários são sempre uma grande motivação para continuar escrevendo e dividindo a minha experiência.Bj

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