Este post foi originalmente publicado no correrpararecomecar.com, em janeiro/2017.
Ontem, eu completei uma semana em Sanary-sur-Mer. Mesmo tendo um projeto de viver uma rotina como moradora da cidade, é difícil se desligar da combinação do olhar curioso e ansioso de jornalista e turista. Nos três primeiros dias, além de dar sequência à regularização do visto, sai enlouquecida querendo explorar a região, descobrir percursos para correr, conhecer pontos turísticos e ainda participar do curso de francês. Sem tempo para nada e já não conseguindo encontrar qualquer coisa nos meus 12 metros quadrados, acendeu a luz vermelha. O corpo reclamou. Meu dia estava curto, não só por ser inverno. Meu relógio biológico não entrava em um acordo. Acordava no que seria o horário brasileiro, com sentimento de culpa de já ter perdido parte da manhã, e dormia no horário francês (diferença de 3 horas para mais). Depois de sete dias nessa confusão e sensação de perda de tempo, não dei ré, mas coloquei um ponto morto e comecei minha rotina como a Virginia Sanaryen (será que é isso?). Fiz a minha primeira corrida em Sanary.
Acordei bem cedo, mas me enrolei um pouco para me aprontar. O que vestir? Doze graus me esperavam lá fora. Apesar de ter cruzado com vários corredores agasalhados da cabeça aos pés, me lembrei da Maratona de New York. Depois de 5 a 6 quilômetros percorridos, corpo já aquecido, chega a hora de começar a se despir e jogar tudo que possa te atrapalhar a correr. Mas, eu não iria correr a Maratona de New York e nem tão pouco pretendia me desfazer das minhas roupas. Vesti uma calça legging de malha fina com um short de corrida por cima, uma blusa de corrida de manga curta e amarrei na cintura uma blusa de malha fina de manga comprida. Nada diferente do que faria em um dia frio no Rio de Janeiro.
Da orla de Sanary parti para o meu percurso, desviando em todos os sentidos de milhares de barracas e da tentação de dar a famosa espiada na tradicional Grand Marché de Sanary- Sur -Mer e perder o time da corrida. Fui e não me arrependi. Estava sentindo falta dessa sensação de liberdade e de poder mais que só a corrida me proporciona. Como já havia conhecido alguns possíveis trajetos, optei por começar por um que considerei mais leve, sem ter ideia da quilometragem. Vários dias sem correr, fuso, viagem, muitas situações acontecendo e sendo processadas. Eu precisava do meu momento terapia. Precisava de simplesmente correr, ou melhor, na linguagem de corredor, trotar.
Partindo do Port de Sanary em direção a Île de Gaou são 13,6 quilômetros (map do google) de ida e volta, sem contar no interior das duas ilhas Gaou (pequena e grande). Nesse trajeto você atravessa sete praias de Six Fours Les Plages (de la Frégate, de Bonnegráce, de Roches Brunes, de La Coudoulière, du Rayolet, du Cros e des Charmettes) e três portos (de La Mediterranée, de La Coudoulière e du Brusc). O percurso escolhido é variado e agrada todos os gostos. Tem planos, inclinações leves, acentuadas, extensas com diferentes pisos e uma paisagem inesquecível com gosto de quero sempre.Terminei inteira e feliz. Ficou com inveja? Arruma as malas e vem experimentar com suas próprias pernas.