Sanary-sur-Mer não é um destino usual de brasileiros na França. Alguns podem até não ter ideia da localização dessa pequena cidade. Mas, todos, certamente, conhecem uma personalidade que aqui viveu: Jacques Cousteau.
Eu sempre tive uma admiração especial por esse lendário explorador, oceonógrafo, cineasta e tantos outros atributos, pelo trato à natureza e desejo de descobrir lugares desconhecidos. Ele, de fato, descobridor, e eu, em menor proporção, uma descobridora particular.
Segundo contam, foi em Sanary que Cousteau se refugiou durante a Segunda Guerra Mundial, assim como vários intelectuais. Mas, este post não é para traçar o perfil ou história de Cousteau. O que já é bem contado por pessoas mais habilitadas. O que eu quero dividir é a minha maratona da curiosidade. Aquele vício de apurar, da época de repórter, que fica para sempre em quem corre pelas veias a paixão pelo jornalismo.
Antes de vir para Sanary, por falta de tempo, mas, principalmente, por querer ter o prazer de descobrir a cidade com o meu olhar, procurei ter o mínimo de informação. Eu sabia sobre a importância do mar na história e vida dos habitantes. E, foi em uma das minhas primeiras corridas, no Percurso Portissol, enquanto tentava identificar o local, que uma placa, quase escondida na vegetação, no acesso à praia, me chamou a atenção: Rond-point des Mousquemers. Na placa, a foto de Philippe Taillez, Jacques Cousteau e Frédéric Dumas, com a informação explicando tratar-se dos três precursores do mergulho autônomo.
A partir desse dia, comecei o meu percurso de mergulho no universo dos Mousquesmers, mesmo o mar não sendo a minha praia. Nos trajetos que fiz até a Île du Gaou, por várias vezes, estive em frente a Embiez, um dos locais de estudo de Cousteau. Ali, pude viajar no imaginário e me sentir mais próxima desse misterioso mundo submerso. Visitar a ilha faria parte da minha agenda futura, mas, por enquanto, me dedicaria a conhecer, em terra, o que Sanary guarda de Cousteau.
Próximo ao Porto, no meio da charmosa rue Lauzet Ainé, que chama atenção pela sua construção em curva, fica o Musée Frédéric Dumas, um colírio para os olhos dos amantes do mar, da fotografia, do cinema e do jornalismo. O pequeno local é de grande riqueza, proporcionando o conhecimento e um mergulho no passado de tantas profissões. A parada que era para ser um registro, durante uma corrida, acabou mudando os meus planos. Permaneci um bom tempo a admirar e registrar os aparelhos e instrumentos de trabalho, original ou cópia, ali expostos. Lembrei-me dos meus filhos, um biólogo e o outro jornalista cinematográfico, apaixonados por mar. Como eu gostaria de emprestar aquele meu momento para eles.
Mas, faltava conhecer o lugar onde viveu Cousteau. E esse foi um trajeto de mais de uma corrida. A cada dia que voltava sem encontrar a casa, aumentava a minha curiosidade e determinação. Eu buscava informação no Office du Tourisme, perguntava para as pessoas na rua, na capitania de Sanary. Achava que havia entendido. Diferentemente das demais casas de personalidades que viveram em Sanary, com placas na porta e um breve histórico, a de Cousteau não tem sinalização, por decisão dos familiares, que, segundo informam, ainda residem no local .
Acabei alternando essa minha procura com outros percursos. O que eu não sabia, é que a casa de Jacques Cousteau sempre esteve em vários dos meus trajetos e passou despercebida por falta de uma escuta apurada para compreender a resposta à minha indagação.
A pronúncia de “porta” e “porto”, em Português, é bem diferente, mas, em Francês, falado rapidamente e ouvido sob um clima de ansiedade, foi o motivo de tanta demora. Eles me indicavam “porte d’un bateau” e eu entendia “port des bateaux”.
Com o lema desistir jamais, voltei à capitania com fotos de várias possíveis casas, no local sempre indicado, e a pergunta sobre qual dessas seria a de Jacques Cousteau. Não acertei a foto, mas, consegui uma informação fundamental. A palavra “vert” fez a diferença para compreender que, o tempo todo, eles indicavam uma porta.
Finalmente, em frente à casa de Cousteau, registrei a porta e prossegui a minha corrida pelos caminhos de Portissol, com uma sensação de dever cumprido. Por quê? Talvez, inconscientemente, por saber que havia concluído mais um tema para dividir e mostrar mais um motivo para incluir Sanary-sur-Mer na sua programação.
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Genduceu…tudo lindo e ninguem mora ai? Nem anda nas ruas?
Demais!!! Adorei.
Muito interessante essa busca de Jacques Cousteau ❗
Como esta pequena cidade tem reservado tantas bos surpresas, hem Vi!! Muito legal!! Bj