Trilha na montanha de Gros Cerveau

ciclista solitario vista route Gros Cerveau

Minha estreia na trilha da montanha de Gros Cerveau foi sem qualquer preparação. O convite para uma caminhada feito pela minha professora de francês, Marie Dominique, foi aceito imediatamente. E, no dia combinado, acordei bem cedo, com medo dos meus atrasos usuais. Pela primeira vez, decidi fazer correndo o trajeto casa, em Sanary-sur-Mer, até a porta do curso de francês, em Ville d’Ollioules (cerca de 6 KM). O percurso foi tranquilo. Meus pés já conheciam o caminho e nem precisava conduzir as passadas. Só não calculei, ou menosprezei, minhas “trotadinhas”.

O fato é que cheguei meia hora antes do horário marcado, tempo suficiente para ser motivo de curiosidade entre os habitantes da cidade, que acordavam, naquele momento, encapotados para enfrentar 9 graus com sensação de bem mais frio. Eu, de short e camiseta, subia e descia uma escadinha na praça principal, para reforçar a musculatura da coxa e não desaquecer. Totalmente sem timidez. As pessoas não me conheciam. Mas, foi justamente ser o ponto fora da curva que me permitiu o primeiro diálogo do dia com alguns moradores, enquanto esperava minha companheira de caminhada.

Como na madrugada havia chovido, Marie Dominique me disse que não deveríamos fazer trilha, mas que o percurso escolhido seria guiado por sua amiga Virginie. Olha a coincidência! Uma outra Virginia, só que essa francesa.

Marie Virginie e Virginia no Percurso Gros Cerveau
Marie, Virginie e Virginia no Percurso Gros Cerveau

Ainda em suspense sobre onde seria a caminhada, partimos ao encontro de Virginie, cortando caminho pelas ruas de Ollioules, com direito a aquecimento nas subidas e a pequenas paradas para registro. Assim que encontramos Virginie, toda equipada com um par de bastão, o trajeto foi revelado. Eu iria ser apresentada à montanha Gros Cerveau pela trilha mesmo. Nossa aventura começou, alí na porta da casa de Virginie.

Muito simpáticas, Marie e sua amiga foram verdadeiras guias de caminhada e também turística. Ao longo do trajeto com subidas e descidas, de fácil a muito, muito difíceis, em variados tipos de terrenos (grama, terra batida, cascalho, pedras e lama), as duas me apresentavam cada trecho da trilha, vegetação, localização geográfica, além de sempre falar “doucement”, para que a nova integrante se sentisse inserida nos assuntos.

A dificuldade do trajeto, e não foi pouca, passava despercebida no bate-papo animado. Parecíamos amigas de longa data. Eu feliz igual pinto no lixo. Já totalmente à vontade, explicava, no meu francês tupiniquim, às vezes com direito a tradução de quem entendesse primeiro, sobre a minha proposta de ano sabático, o blog e a pretensão de festejar meus 60 anos completando uma maratona. Quem sabe a dos Alpes Marítimos? Foi aí que descobrimos que as três tinham a mesma idade e uma loucura parecida por aventuras. Espontaneamente, nos abraçamos morrendo de rir.

 O Percurso da montanha de Gros Cerveau é rochoso, íngreme com direito a escorregadas na lama, quase tombos e gargalhadas

Só no meio do trajeto, entendi o porquê de todo o equipamento de Virginie. Enquanto ela ia na frente, nos conduzindo sem dificuldades, eu e Marie nos revezávamos atrás nas escorregadas na lama e quase tombos com direito a vídeo cassetada. Tudo era motivo de muita gargalhada. Cada vez nos embrenhávamos mais pela floresta, mas a tranquilidade das minhas amigas também me deixava tranquila. Éramos nós três, a vegetação, uma vista deslumbrante, com trilha sonora dos pássaros, e o que é melhor: sem medo. Todo os caminhos são sinalizados com pinturas em pedras ou árvores, indicando a direção a seguir e chamando atenção para os locais de risco de acidentes.

Quantos quilômetros percorridos? Não sei dizer. Até mesmo no Google, encontro diferentes relatos e quilometragem sobre a Route Gros Cerveau. Prefiro não me arriscar passando um dado errado. Sei bem o quanto cada metro faz diferença em uma corrida ou caminhada.

Só posso dizer que o percurso previsto, inicialmente. por Virginie, para durar 2 horas, acabou sendo finalizado uma hora depois, com direito a convite para participar de um almoço maravilhoso, preparado por Marie em sua casa. Nós nos despedimos com promessas de outras caminhadas, outros lugares, mais bate-papo e a certeza de um momento inesquecível que ficará guardado para sempre.

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Comments

    • Crlobo says:

      Sim, Marisa. Você que nos acompanha desde o outro endereço já deve ter lido este post. Estamos migrando aos poucos os melhores posts do Correrpararecomecar.com para o correrpararecomecar.com.br porque daqui a algum tempo só vai existir o endereço “.com.br”.

    • Virginia Prado says:

      Fico feliz em saber e espero que continue nos acompanhando porque vem mais descobertas de belas paisagens francesas

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