Depois de uma semana sem correr com regularidade, por ainda estar concentrada na produção de roteiros para o making of do filme Amor.com, sai de casa sem rumo certo, deixando minhas pernas de corredora me guiarem. Sem muito tempo e me sentindo sem preparo, mas tendo a certeza que precisava de uma boa corrida para melhorar minha disposição, criatividade e astral, peguei a direção da Avenue de la Résistance. Não sei se por instinto ou intuição, mas aquela paisagem da rua com árvores de tangerinas faz bem para os olhos e a subida aquece o corpo e deixa a consciência mais leve.
Depois de vencer a la Résistance, no topo, eu e minhas pernas já havíamos nos reconhecido como corredoras. Acredito que essa seja a diferença entre quem pratica, ou não, com regularidade uma atividade física. Depois de alguns dias, o corpo e a mente reclamam, quase que te empurram, e, assim que você dá a largada, respondem com a memória, no meu caso, de corredora, com as pernas.
Era hora de decidir. Para esquerda, eu tinha a opção de explorar a cidade vizinha Bandol ou fazer um circuito por alguns bairros de Sanary-sur-Mer até o de Portissol. Para o lado direito, fazer um circuito menor, também dentro da cidade. Optei pela segunda alternativa, pensando no tanto de trabalho que me aguardava. Mas, foi só descer a ladeira da Corniche du Soleil e avistar a chapelle Saint-Roch, que me despertou a curiosidade de conhecer o Chemin de L’Huide , no qual nunca havia passado.
Meu lado correr e descobrir lugares novos falou mais alto
Meu lado correr e descobrir lugares novos falou mais alto. Quando eu penso que já explorei toda a pequena cidade de Sanary, esta me surpreende. Ao invés da direita, segui para a esquerda e comecei mais uma vez uma viagem por um cantinho da cidade que talvez eu não tivesse a oportunidade de conhecer se não fosse a corrida. Comecei a subir por ruas arborizadas e perfumadas entre condomínios de casas. A cada rond-point, sempre a dúvida por qual trajeto seguir. Correndo em direção ao desconhecido, passei pelo cemitério da cidade e uma placa sinalizando Chemin de la Vernette me despertou a curiosidade. O percurso continuava de subida, mas não o suficiente inclinada para me fazer desistir de conhecer esse novo lugar.
Nesse momento, o pouco tempo que tinha já havia sido esquecido. As horas e o cronômetro não importavam mais. Era a minha corrida repositora de energia e, certamente, o meu rendimento iria recompensar o tempo. Cruzei com ciclistas e corredores até chegar ao que parecia o final, em frente a uma escola pública. Só parecia. Depois de observar as crianças brincando no pátio e ter o momento saudade dos netos, resolvi pedir informação. Ao lado da escola uma trilha que poderia passar despercebida, me aguardava em direção a um lindo parque para correr, caminhar, apreciar a vegetação típica da floresta mediterrânea, pensar na vida e voltar para casa com muita disposição.
O Parc Naturel de La Vernette, mais conhecido como CRAPA, Circuit Rustique d’Activité Physique Aménagé, não é grande. Com um circuito de cerca de 1,5 km, oferece opções de trilhas, com subidas, e uma vista belíssima. De um lado, ao fundo, a Gross Cerveau e do outro, o Port de Sanary, além de ser uma opção para quem não quer, ou não tem tempo, para locais mais distantes. Depois de passar toda a manhã admirando o parque, peguei o caminho de volta por um outro acesso, passando por um vinhedo, o que me fez conhecer mais um pouquinho do local e da cidade de Sanary. De volta para casa, pernas e joelhos sentindo o esforço. A curiosidade me fez correr, cerca de 12km, muito mais do que o previsto e em um terreno acidentado. Mas, o que importa é ter voltado feliz e com muita disposição para retomar o trabalho até o próximo percurso.
Percurso:
Ida: Port de Sanary, Avenue de Marechal Gallieni, Avenue de la Résistence, Corniche du Soleil, Rond-point Saint Roch, Chemin de L’Huide (tem opção de seguir pelo caminho no Rond Point des Anciens Combattants de L’Indochine), Chemin de la Millière, rue des Lauriers, rue des micocouliers, Chemin de L’Huide, Avenue de Stade, Rond-Point J Moulin, Chemin des Roches Ancien, Rond-Point des Médailles Militaires, Chemin de La Vernette (com opção de seguir em frente pela Boulevard de L’École), Chemin des Mas de L’Huide, Allée des Maclahorias, Parc de La Vernette.
Volta: Par de La Vernette, Chemin des Ginesttes, Chemin de la Vernette, idem.
Chapelle Saint-Roch:
A pequena chapelle de estilo provençal , dedicada a Saint Roch, foi construída em 1665, em agradecimento por proteger a cidade da epidemia de peste de 1664 que assolava Toulon , Ollioules e Toulon. Saint Roch na igreja católica é o santo padroeiro dos inválidos e protetor contra a peste e doenças contagiosas. A capela também serviu de abrigo para restos mortais de soldados da Segunda Guerra Mundial.
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tudo parece lindo…mas tao vazio sempre…
ja ta craque no frances?