A caminhada aconteceu no último domingo de fevereiro, mas, com tantas coisas para contar, acabei me enrolando para definir como começar.
Era bem cedo para um domingo frio, com céu bem azul promissor, quando minha professora e, posso dizer, também, amiga francesa, me buscou para conhecer o Circuit de La Flûte, que ela iria fazer com seu grupo de caminhada La Godasse Bagnado/Ollioules.
Na pracinha de Ollioules, depois de nos dividirmos em vários carros, partimos em direção a Roquebrune sur Argens, a cerca de 100Km.
Uma cidade que parece uma pintura. Nas calçadas das ruas por onde passávamos, jardineiras de flores davam as boas-vindas. Até esbocei fazer um registro. Missão impossível com o carro em movimento e o vidro embaçado por conta do aquecimento. Faltou coragem para pedir uma parada básica.
Só quando chegamos no local, que seria o início do nosso trajeto, é que pude ter ideia do tamanho do grupo. Éramos cerca de 50 pessoas, com mais de 50 anos, e muita disposição. Já no primeiro contato, com calorosa acolhida, me senti como um deles ou quase. Marinheira de segunda viagem, ainda sem calçado e bastões, equipamentos adequados para trilhas, dos quais só fui compreender a importância durante o trajeto. Eu chego lá.
Depois de recebermos todas as instruções do coordenador, foi dada a largada. Saindo de um local que mais parecia uma tela de Monet, já dava para imaginar o que me esperava pelo caminho das Mimosas. Esse era o nome que mais escutava durante o percurso, apesar do circuito se chamar La Flûte.
O Caminho das Mimosas
Não precisei caminhar muito para perceber que a quilometragem e as dificuldades do percurso pouco importavam. É época de floração e, principalmente, de apreciar, de colher e de fotografar as famosas Mimosas. Todos queriam me mostrar a beleza dessa árvore, com flores igual a um pompom, na cor amarelo ouro e perfume suave. Aliás, o que mais escutei foi a pergunta se no Brasil temos Mimosa. Diante da parcial ignorância sobre o assunto, optei por responder que sim. Não sei se acertei. Repasso a pergunta para quem entende mais do que eu.
Uma subida longa, sempre feita em ritmo de diversão, muito bate-papo, e paradas para hidratar, dar passagens para ciclistas, motoqueiros e corredores em treino. Uma trilha para todos os gostos e sempre dividida com muito respeito.
Um percurso no qual pude aprender bastante com cada um que fazia questão de me mostrar algo interessante. Conheci a árvore (sobreiro) da qual se extrai a cortiça para rolhas. Experimentei aspargo selvagem, colhido para dar um gosto especial a omelete. Provei, com direito a engasgo, a tradicional bebida da região, o Pastis, uma espécie de licor feito de anis.
Enfim, o ponto alto do La Flûte. É hora do piquenique para os bravos caminhantes, depois de vencer o último obstáculo de subida em pedras e com o estômago já reclamando. A parada de cerca de hora foi uma festa, mas, apenas o tempo necessário para recarregar a bateria e começar a descer a ladeira.
Lá embaixo, Fréjus e Saint-Raphaël. Uma paisagem de tirar a concentração de qualquer um. E foi em um desses momentos que acabei escorregando. Aquele tombo que faz você levantar correndo, torcendo para ter sido invisível, e que só vai sentir as consequências no dia seguinte.
Foram 16 km percorridos. Era hora da despedida com promessas de novos encontros. Era hora de deixar Roquebrune e pegar o caminho de volta para Sanary-sur-mer.
Quando cheguei em casa, bateu aquele cansaço, mais mental do que físico. Foi a primeira vez, desde que cheguei na França, que tive oportunidade de falar a língua, durante um dia inteiro. Ainda me falta, não só palavras, mas, ditas corretamente. Ainda tenho muito que estudar. Eu chego lá. Fiquei feliz!
Je remercie le groupe Godasse Bagnado .
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Q lugar lindo! Sempre um ‘plus a mais’ c fotos de pessoas. Mto legal.
Maravilhoso e também perfumado.
Vi!!! Que coisa boa fazer esta caminhada com amigos e num lugar tão lindo!! Aqui tem a mimosa, que além de linda é muito cheirosa!! Bj grande. Ps. Estou amando tudo!! 😄
Muito bom! Você esclareceu minha dúvida. Obrigada por me acompanhar nesta corrida de descobertas.
Amo os textos e os passeios.